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JÉSSICA

MARQUES

Doramas e a responsabilidade emocional

Preciso começar afirmando que estou viciada em Doramas! Mesmo sem saber como se chamava esse formato de séries de TV, quando comecei a ver exemplos destas produções há um tempo. Até aí poderia ser só uma nova fase de vida, mas as reflexões que tais histórias me trouxeram não tem comparação.



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E meu 2020 foi intensificado por esse vício de ver os dramas orientais e chorar bastante com eles (kkring) ...SIIIMMM, você leu bem… Pode parecer estranho achar sensacional séries que te fazem chorar, ainda mais para uma pessoa como eu, que para quem não me conhece, sou bastante crítica com as produções cinematográficas e normalmente chamada de insensível quando se trata de comédias românticas americanas xD. Pois bem, eu me vi em prantos pela primeira vez vendo a série Meteor Garden, uma daquelas clássicas versões do colegial americano, mas com um ponto diferente: o crush no protagonista era dividido entre dois meninos, um mais “rebelde” e o outro super sensível e compreensivo com a garota em questão. Era uma mistura de paixonites platônicas com o ambiente de bullying que acho que todo adolescente já vivenciou, o diferencial é que a garota de Meteor Garden era bastante corajosa e enfrentava Deus e o mundo na história. Ou seja, ela era o que muitas garotas queriam ter sido no colégio: dona de si e ser o centro dos desejos de dois garotos, bons em tudo que fazem e que de quebra eram os mais cobiçados do colegial tanto pela beleza quanto pela inteligência.


A princípio isso poderia ser visto como apenas mais um clichê, mas aí é que entra o ponto que quero defender. Os relacionamentos apresentados têm uma visão de romantismo bem mais cordial, quase como um quê de medieval, recatado (e do lar rsrs), onde uma troca de olhares vale mais do que mil beijos. Além desse estilo colegial, existem também narrativas de doramas com protagonismo em ambientes mais adultos como um escritório , em Find Yourself, ou um restaurante como Perfect Match. Estes últimos títulos foram os que mais me surpreenderam com momentos de reflexão sobre o que significa se apaixonar e como o respeito ao outro deve ser a base de um relacionamento. Só para se ter um gostinho desta sensatez, em Perfect Match, o Chef Ting'en diz a seguinte frase para o amigo da wei, que é o seu rival amoroso na série:

“-Você não me perguntou por que eu não a ajudei? Não é que eu não queira. É só que ela não precisa. Ela quer fazer as coisas sozinha. Já que é assim eu a respeito, confio nela...e estou ao lado dela. Se ela se meter em confusão, eu ainda vou ajudá-la. Ela é assim. Ela é convicta em tudo que faz. Mesmo se ela cometer um erro bobo. Pelo menos ela aprende com ele. É o meu jeito de amá-la.”

Ou seja, amar é respeitar a individualidade e as escolhas alheias e demonstrar com ações, que caso seu objeto de afeto em questão quiser ajuda, você sempre estará lá para ampará-lo.


E se é para falar das várias formas de amar, não tem como adentrar nesta seara sem abrir a pauta da responsabilidade emocional tão escancaradamente vivenciada nas narrativas orientais. Mas ao ler isso você pode estar se perguntando como somos responsáveis por sentimentos, ou um misto de sensações, que quase sempre são incontroláveis?


O que mais me fascina nas narrativas orientais é perceber que nos doramas, as reflexões sobre os relacionamentos são bem mais filosóficas e metafóricas ao falar de sentimentos do que as produções de outras nacionalidades. E tudo isso porque pensar sobre como as nossas atitudes afetam os outros é a base para se ter relações muito mais saudáveis e duradouras.


“Há dois momentos que o amor deixa cicatrizes mais profundas. O momento que o amor chega e o momento que o amor se vai. O último, normalmente, deixa uma cicatriz mais profunda. Que pode transformar o momento colorido que você se apaixonou em preto e branco. Talvez o momento que o amor se vai nunca chegue ou talvez aconteça no minuto seguinte.”

(Trecho de Find Yourself)


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© por Jéssica Marques

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